Vinte e dois homens de outros tantos países decidem hoje o futuro de muitos milhões. Nas mãos deles, organizados no Comité Executivo da FIFA, está a candidatura ibérica, sonho que Gilberto Madail e Ángel Maria Villar, presidentes da Federação Portuguesa de Futebol e Real Federação Espanhola, respectivamente, alimentam desde sempre, quando a simples ideia parecia uma miragem.
Na luta pelo Campeonato do Mundo de 2018, além da jangada de pedra que Saramago imortalizou, encontram-se também Inglaterra, Rússia e Bélgica/Holanda, que reeditam um projecto que deu bons frutos no Euro-2000.
Sistema de votação
Antes de Joseph Blatter abrir os envelopes e anunciar os vencedores, hoje às 15 horas, já vistas e revistas pelo grupo dos 22 as últimas apresentações de cada um dos pretendentes ao trono, marcadas para o dia de hoje, decorrerão as votações. Todos os elementos do Comité Executivo da FIFA participam na decisão, incluindo aqueles cujas candidaturas estão representadas (oito das nove, excepção à Austrália). Na primeira vez que se contabilizarem os votos, caso não haja maioria absoluta, cenário que deixaria logo tudo resolvido, o menos votado será imediatamente eliminado, prosseguindo a votação até que um dos candidatos tenha metade dos votos mais um (uma igualdade implica nova votação entre os empatados quando se tratar de eliminar). Na qualidade de presidente da FIFA, Joseph Blatter decide o vencedor na hipótese de empate na derradeira contagem de espingardas.
A candidatura ibérica já apresentou a última cartada. Agora resta esperar aquilo que decidirá o Comité Executivo da FIFA, que irá anunciar às 15.00 quem organizará o Mundial 2018.
Nas alegações finais, notou-se alguma preocupação em assegurar a melhor coordenação entre as forças de segurança dos dois países, bem expresso nas declarações de José Sócrates. Além disso, houve uma revelação do director-geral da candidatura, Miguel Ángel López, que prometeu que, durante o torneio, por cada golo serão plantadas mil árvores na cidade onde for marcado.
A exposição, que devia ter demorado 30 minutos, teve 12 minutos de tempo extra porque o presidente da Federação Espanhola, Ángel Villar, decidiu apelar ao sentimento dos seus colegas no Comité Executivo da FIFA, tendo inclusive arrancado alguns aplausos quando, em resposta às suspeitas levantadas recentemente, disse: "A FIFA é limpa, trabalha com honestidade e com gente séria."