A primeira proposta de documento final da Cimeira de Copenhaga propõe que os países desenvolvidos reduzam as suas emissões de gases com efeito de estufa em 25% a 40% até 2020, por comparação com os valores de 1990.
|
Esta é uma meta bastante superior aos 13% a 19% que as ONG presentes na cimeira estimaram que os países desenvolvidos já tinham colocado na mesa das negociações, com base em cálculos feitos pela consultora Ecofys e pela organização Climate Analytics.
Segundo o vice-presidente da Quercus, a única ONG portuguesa do ambiente presente em Copenhaga, se a estes valores se juntassem "os créditos de emissão da floresta, tal como estão a ser negociados na cimeira, as metas desciam para 8% a 12%"
Mas adicionando ainda "os direitos de emissão não usados por vários países que serão transferidos para depois de 2012, esses valores caíam apenas 2%, ou poderiam mesmo subir 4% até 2020", acrescenta Francisco Ferreira.
O dirigente da Quercus salienta que "o planeta arriscava-se a enfrentar um aumento de 3,5 graus centígrados nas temperaturas globais até 2100, e não de dois graus como se pretende".
Nível das temperaturas continua em aberto
A primeira versão do documento final agora em discussão em Copenhaga deixa, no entanto, em aberto a definição dos objectivos precisos para limitar o aumento das temperaturas globais, devido às divergências existentes entre os vários blocos de países.
A questão da temperatura esteve na origem das primeiras divergências entre os países em desenvolvimento, com os estados-ilha e os países mais pobres de África e da América Latina a exigirem metas mais apertadas para a redução das emissões, de modo a que as temperaturas globais não subam mais do que 1,5 graus centígrados.
Acima deste limite vários estados-ilha poderão ficar inundados. As grandes economias emergentes, como a China, Índia, Brasil ou África do Sul, não concordam com estas restrições, porque o seu crescimento poderá ficar comprometido.
E os países ricos já tinham acordado na meta dos dois graus centígrados no passado mês de Julho. Mas a generalidade das ONG defende o objectivo de 1,5 graus, o que implica limitar as emissões a 350 ppm (partes por milhão em volume de ar), e não a 450 ppm, como tem sido proposto pelos países desenvolvidos e pelas grandes economias emergentes.