Texto notável de Sofia Loureiro dos Santos, publicado no blogue “Defender o Quadrado”, com o qual concordo e subscrevo na íntegra.
Reproduzo aqui uns excertos, mas aconselho vivamente a sua leitura atenta e completa.
“As próximas eleições legislativas são de extrema importância devido às condições de grave crise global em que vivemos. Assim a estabilidade política é essencial para as previsíveis e difíceis negociações, revoltas e terramotos sociais, com as consequentes tentativas de instrumentalização, radicalização política e perigo de derivas totalitárias.
A maioria absoluta de um partido, nomeadamente do PS, não me parece possível nesta altura. Por isso se fala cada vez mais em alianças, coligações e blocos centrais. Já discorri sobre a minha discordância de um possível bloco central, pois considero que as soluções governativas devem ser avaliadas por si e os eleitores devem julgar os seus responsáveis, sem que a paternidade da governação se dilua.
Analisando as alianças à esquerda, e no plano dos princípios de valores e das ideologias democráticas, de respeito pela liberdade de expressão e pelo multipartidarismo, não é possível ao PS fazer alianças com os partidos à sua esquerda.
Os partidos que se agrupam no BE e o PCP defendem regimes totalitários, estando arredados de tudo o que fundamentou e fundou o 25 de Abril, pois ainda hoje não esclareceram a sua discordância da deriva ditatorial de 1975. Na verdade nunca ouvi dizer a qualquer membro do PCP, passados 35 anos da revolução 20 anos da queda do muro de Berlim, que o projecto comunista era um projecto de poder absoluto e ditatorial, onde existia polícia política, censura e partido único, tal como no regime de Salazar e Caetano. Nunca ouvi qualquer defensor das amplas liberdades democráticas conquistadas no 25 de Abril fazerem mea culpa pela tentativa de tomada do poder por um partido minoritário por métodos pouco transparentes, com o objectivo de implementar a ditadura do proletariado.
Na base dos princípios ideológicos só resta ao PS concorrer sozinho às eleições. Quem se revê na democracia e na liberdade, quem acredita nos valores de esquerda numa sociedade aberta e democrática, não tem outra alternativa senão votar PS. Tal como Alexandre O’Neill dizia Ele não merece, mas vota no PS.
Nota: este texto foi publicado no blogue OLHAR DIREITO, acorrespondendo ao amável convite de Francisco Castelo Branco, que agradeço.”