Texto de opinião de Mário Soares, publicado hoje, 2 de Junho, no diário de notícias.
Falta-nos um debate político e institucional europeu e quanto ao futuro que iremos jogar no mundo
1. No próximo dia 7, a Europa dos 27 vai votar os seus deputados para o Parlamento Europeu. Isso acontece num momento de gravíssima crise global, que está longe de ter "batido no fundo", quando a União está há quase dez anos paralisada, no plano institucional, sem que o Tratado de Lisboa, subscrito por todos os dirigentes dos Estados membros, ainda não esteja em vigor por causa da não ratificação da Irlanda e outros entraves.
Apesar disso, as eleições europeias são de grande importância para o nosso futuro colectivo. Porque o Parlamento Europeu tem hoje poderes muito alargados, em relação a um passado que começou em 1979. Com efeito, hoje tem competência para aprovar ou destituir a Comissão, vota o Orçamento e a grande maioria das nossas leis e tem uma palavra a dizer quanto às directivas comunitárias. Está, por isso, na origem de mais de 60% dos textos legais adoptados em cada um dos países membros.
Ora, não obstante todas as suas competências, os cidadãos europeus - de cada um dos Estados membros, sem excepção - estão a distanciar-se e a desinteressar-se, cada vez mais, da União, talvez excepto os mais jovens, prevendo-se, assim, uma preocupante abstenção nas próximas eleições para o Parlamento Europeu. Porquê? Talvez porque os cidadãos têm a impressão - que tem bastante razão de ser, quanto a mim - de que são os dirigentes do Conselho Europeu quem tudo decide, sem consultar e ouvir as populações. Além disso, os dirigentes dos partidos europeus, com assento no Parlamento, estão bastante isolados dos seus eleitores, não os ouvindo suficientemente.
O que significa que, num período de crise global grave e de paralisia institucional europeia, a abstenção dos eleitores do Parlamento só irá complicar os problemas a resolver. Entre outras razões, porque retira legitimidade às instituições quando mais precisavam dela. Por isso, como europeísta, federalista europeu e socialista, tenho feito o que está ao meu alcance para apelar ao voto em consciência dos eleitores nas próximas eleições, por se tratar de um voto de extrema importância para o nosso futuro colectivo. Sem mais Europa, dificilmente sairemos da crise global que nos afecta.
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